A
Violência Sexual contra crianças e adolescentes acontecem no mundo inteiro, em
todas as classes sociais, de forma silenciosa e, dissimuladamente. A violência
sexual acontece de ambos os sexos, na maioria das vezes dentro da própria casa
onde a criança ou adolescente reside, cometidos por pessoas próximas da
família, membros da própria família ou por pessoas de referência para as vítimas
e, vem crescendo cada vem mais; e estas vítimas carregam as marcas pelo resto
da vida, gerando assim uma grave violação de direitos humanos e necessitando de
um acompanhamento que realmente responda os ensejos desta problematização.
Não
se dá a devida atenção porque não há o conhecimento necessário a respeito da
problemática apresentada, por isso a importância de se fazer necessário uma
tomada de conhecimento de seu tamanho e com isso compreender de forma
quantitativa a abrangência de sua adversidade e os agentes desta realidade.
O
Brasil é repleto de organizações e grupos governamentais e não governamentais
que tem como competência a pesquisa estatística de diversas realidades da
nação, e entre estas pesquisas, esta a temática da violência sexual de crianças
e adolescentes. Mas por motivos que perpassam a história brasileira, estes
dados ainda não são totalmente claros, pois nem todos os casos de violência
sexual são denunciados ou não são notificados pelos órgãos competentes de forma
correta, por isso que existe muitas informações que não são confiáveis.
Devemos
também ressaltar que quando se trata de violência sexual contra crianças e
adolescentes, os números apresentados pelas estatísticas nunca correspondem com
o real montante das ocorrências que deveriam tomar conhecimento. Por isso que
em suas estatísticas estes dados serão sempre apresentados com resultados
abaixo do que se espera. Isso por que apenas uma pequena parcela chega de fato
ser denunciada, pois ainda se impera na sociedade e muitas das vezes no
interior das famílias o silêncio omisso que resulta cada vez mais em vítimas de
violência sexual em todos os seus tipos.
Veremos
a seguir alguns dos dados mais recentes em volta da problemática da Violência
Sexual de Crianças e Adolescentes, segundo alguns órgãos de relevância
Nacional, Estadual, Municipal e Local:
Segundo
pesquisas recentes em nível Nacional, realizadas pela Secretaria de Vigilância
em Saúde do Ministério da Saúde em 2011, entre as várias violências contra o público
infanto-juvenil, a violência sexual fica em segundo lugar, ocupando 35%, sendo
inferior apenas a violência física que ocupa os seus 43% e os 22% distribuídos
entre os outros tipos de violência.
Segundo
o mesmo órgão pesquisador e confirmado pelo Centro de Defesa da Criança e do
Adolescente (CEDECA) que elaborou também uma pesquisa em 2011 a respeito dos
atores da agressão de violência sexual. Se concluiu que o pai e padrasto são
responsáveis por 76% das violações, outros membros da família ampliada
correspondem aos 18% e apenas 6% representam os agressores sem consanguinidade.
O
mesmo órgão revela em sua pesquisa que de fato as maiores vítimas de violência
sexual estão o público feminino infanto-juvenil que representa 84% dos casos
notificados com esta situação.
O
Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes / Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (VIVA/SINAN) em parceria com o Ministério da Saúde,
fazendo eco à primeira pesquisa a respeito da violência sexual contra crianças
e adolescentes em 2011, deu continuidade neste mesmo ano às estatísticas e
revelou que maioria dos casos de violência sexual acontece no interior da
residência das vítimas, ocupando um numero alarmante de 60% dos casos notificados.
Em seguida, a via pública que aparece com 22% dos notificados e por fim 18%
estão distribuídos em espaços de caráter publico e privado.
Outro
dado importante, em nível nacional, está na pesquisa elaborada em 2010 pela
Associação Brasileira de Proteção a Infância e Adolescência (ABRAPIA) que
diagnosticou que a genitora é a principal responsável pela denuncias existentes
no quadro das notificações. Elas representam 30% de denunciantes, seguida pelos
vizinhos que ocupam 17% das denúncias notificadas. Destacamos neste parágrafo
que no recorte nacional dos denunciantes, as vitimas representam apenas 5% dos
boletins de ocorrência.
Numa
matéria de Jornal publicado no dia 18 de Maio de 2013, dia em que é celebrado o
Dia de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes,
destacou-se que no Ceará aumentou 19% os casos de violência sexual de crianças
e adolescentes no período de janeiro a abril de 2013 em comparação ao mesmo
período no ano anterior, segundo o Disque 100 da Secretaria Nacional de
Direitos Humanos. Das 526 denúncias de violência sexual de crianças e
adolescentes no Estado do Ceará, desses, 258 foram apenas na Cidade de
Fortaleza. Com estes números o Estado do Ceará ocupa o 09º no ranking nacional em número
de notificações em relação à violência sexual de crianças e adolescentes.
De
acordo com relatório da CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes da
Câmara Federal publicado em 2012, Fortaleza ocupa o segundo lugar (atrás
somente do Rio de Janeiro) no aumento gradativo das denúncias de violência
sexual. Estas informações estão contidas no material de divulgação feito em
2012 pelo Fórum de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e
Adolescentes. Nestes dados também foram informados que somente no ano de 2012 o
Conselho Tutelar da Cidade de Fortaleza recebeu 2.642 denúncias em Fortaleza,
enquanto o Disque 100 recebeu mais 2.103 queixas, totalizando 4.745
notificações de violência sexual na grande metrópole, ou seja, são quase 395
denúncias de violência sexual de crianças e adolescente por mês na cidade de
Fortaleza.
Resquício
desta realidade se consegue encontrar na Instituição de Acolhimento do Lar
Santa Mônica que acolhe institucionalmente e acompanha de forma técnica meninas
vítimas de violência sexual ou qualquer outro tipo de vulnerabilidade social na
Cidade de Fortaleza. Sendo que até Junho de 2013 foram acolhidas 71 meninas,
sendo que 47 dessas meninas foram vítimas pela violência sexual, representando
66% dos casos até hoje apurados e acompanhados pela Entidade de Acolhimento Lar
Santa Mônica.
Todos
estes números nos revelam a situação cada vez mais alarmante da população
infanto-juvenil que carece em tempos contemporâneos de políticas públicas
eficazes de defesa de seus direitos e quando estes são violados, de políticas
de atendimento que sejam de fato adequadas para o sanar de sua vitimação e sua
saudável reintegração a cidadania.
Que Deus sempre abençoe este lindo Trabalho do Lar Santa Mônica!
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