Barracos dos "sem terra" frente ao aeroporto internacional "Pinto Martins" de Fortaleza |
Quanto mais se esforçam os políticos por proclamar as excelências dos programas de luta contra a fome e tirar como consequência que no Brasil não existe mais miséria e que a pobreza recua grandemente, mais aumenta a paradoxa de um Brasil onde a metade rica segura pela mão a outra metade pobre para o sistema não desabar.
Sopão, Barra do Ceará |
No ano 2012 o programa Bolsa Família beneficiou 3,8 milhões de cearenses, o 44,6% da população total do Estado e o governo gastou um total de 1,6 bilhões de R$ nestas ajudas.
Ajudas necessárias, não temos duvida; que faria todo esse povo sem o recurso que chega dos programas do Governo? acaso não morreria de fome e abatidos pelas doenças que não poderiam curar os remédios -sempre em falta- dos postos de saúde? Trata-se então de um assistencialismo necessário, no nosso ponto de vista, porque vem socorrer a necessidade imediata e urgente da população mais carente.
Moradias na Barra do Ceará |
Mas, terão que concordar comigo, que os dados são para chorar. Se o programa bolsa família fosse encerrado, hoje teríamos no estado do Ceará (o quarto em el ranking de ajudas federais) 3,8 milhões de pessoas vivendo na miséria; quase a metade da população!
Se queremos que a situação mude, não temos para onde correr! Se faz necessário criar politicas de incentivo á cultura e á educação de qualidade que ofereça igualdade de oportunidade para todos; cursos de qualificação técnica que ofereçam uma saída profissional á garotada; incentivo á criação de pequenas e medias empresas que sejam competitivas reduzindo a pressão fiscal -exagerada!- que existe no Brasil e gerem empregos. Para onde sera que vão os impostos? Certamente não em melhorar infraestruturas, escolas e hospitais!.
O bairros mais carentes da cidade de Fortaleza (550 favelas!!!) se consomem não só de fome, mas de falta de moradias dignas (os projetos de casas sociais da Prefeitura e do Governo estão desandando e os pobres continuam aguardando com "santa paciência" a liberação das casas) e de serviços públicos. Serva como exemplo a nossa paroquia de Sao Pedro da Barra do Ceará: o território é de 5km2 e tem uma população de 92.000 pessoas, que vivem sem posto de saúde, sem correios, sem banco, sem lotérica, nem sequer tem um caixa eletrônico onde pagar as contas ou retirar a aposentadoria...). Sera que quem tem a missão de conduzir esta cidade sabe o que significa "viver num gueto?". A Barra do Ceará, assim como outros bairros marginais da cidade, tem sido convertidos pelos gestores da cidade nesses guetos onde os termos "vida" e "de qualidade" não combinam.
voluntarias espanholas no Banco de alimentos, Barra do Ceará |
Os Agostinianos Recoletos não queremos ser profetas da catástrofe e do pessimismo, mas missionários da mensagem da felicidade, das bem-aventuranças. Sabemos que para muitas pessoas que vivem na pobreza as possibilidades de sair dela são minimas. Muitas delas são mulheres que "carregam" os filhos de bastantes relacionamentos; as vezes ate os filhos de outros ainda com menos sorte que elas mesmas. Sem casa própria; na maioria dos casos as moradias são alugadas (R$ 150, R$ 200...), etc. Como fazer frente ás despesas -água, luz, aluguel, IPTU...- e ainda ter o suficiente para se manter e alimentar a prole? Nos religiosos e seus colaboradores estas mulheres tem uns fieis aliados na luta diária pela supervivência.
São mais de 300 as famílias que o Centro de apoio psico-social Santo Agostinho esta ajudando atualmente. As famílias de classe A (sem ou com poucos recursos) recebem uma cesta básica por mês para complementar as ajudas que recebem dos programas do governo. As famílias de classe B (com necessidades, mas com alguns recursos ou casa própria) podem comprar os alimentos a preços simbólicos no nosso Banco de Alimentos. Também se distribuem no Centro, de segunda a sexta-feira, 3 panelas de sopa reforçada, que as famílias levam para suas casas. Alem disso os religiosos levam sopa e alimentos cozidos esses mesmos dias ate a Duna 2, uma das áreas mais pobres do bairro. Por 1, 2 ou 3 R$ estas famílias podem adquirir roupas em bom uso no Bazar permanente do Centro. Mas um serviço numa sociedade com os preços das roupas em alça e extremamente caros.
Mulheres esperando serem atendidas no Centro Santo Agostinho |
Palestra "Bolsa Familia", Barra do C. |
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130307_abre_pobreza_brasil_jp_jf.shtml
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