terça-feira, 10 de dezembro de 2013

FORTALEZA É A CAPITAL DA EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTIL NO BRASIL

O jornal inglês The Guardian é um dos principais impressos do Reino Unido e um dos de maior prestigio na Europa. Na edição da segunda-feira (09/12/2013) apontava Fortaleza como a “capital da exploração sexual infantil” no Brasil e destacava a vinda da Copa do Mundo de 2014 como cenário favorável para a promoção da indústria ilegal do sexo.

Como se não tivéssemos já bastantes problemas em Fortaleza! Como se o problema da violência contra vulneráveis não fosse já de proporções escandalosas quando são os próprios brasileiros a cometer estes delitos! Ainda temos que suportar a cara mais sombria do futebol! Embora o turismo sexual internacional é destaque em Fortaleza, este representa apenas um terço de todos os casos de prostituição infantil relatados. Prostitutas com clientes brasileiros, do Ceará ou estados vizinhos, são muito mais comuns, dizem os promotores públicos.

Se esperam 600.000 turistas no Brasil durante a copa do mundo. As estimativas são que deixem R$ 25 bilhões nas suas viagens pelos pais. O governo tem gasto R$ 33 bilhões em estádios e infraestruturas, mas apenas tem destinado R$ 8 milhões para todas as cidades anfitrioas desenvolver projetos para lutar contra o abuso e a exploração infantil. Obviamente os numeros gritam mais alto e políticas de defesa da infância e da adolescência não são prioritárias no país!


A Lei brasileira (Lei 12.015, artigo 217-A) dispõe sobre o “estupro de vulnerável”, no qual, para quem tiver relações sexuais com menores de 14 anos, a penalidade é de 8 a 15 anos de reclusão. Nem sempre turistas e nacionais estão suficientemente avisados das consequências que o abuso de menores pode trazer.

Segundo o Fórum Nacional de Prevenção ao Trabalho Infantil (ONG) cerca de 500.000 crianças e adolescentes estavam envolvidas com prostituição em 2012, o que representa um aumento de cinco vezes desde 2001 quando as estimativas da Unicef apontavam que 100 mil crianças trabalhavam no comércio do sexo.

Um dos pontos turísticos do sexo indicados na matéria do The Guardian, é a Avenida Juscelino Kubitschek, no Bairro Castelão, que dá acesso à Arena Castelão, estádio que vai receber pelo menos seis jogos, incluindo as seleções do Brasil, México, Grécia, Costa do Marfim, Alemanha, Ghana, Costa Rica, e Uruguai. Com a chegada da Copa do Mundo de 2014, a preocupação é ainda maior, pois este trecho será um dos mais movimentados da cidade. Teme-se ainda, segundo o jornal, que profissionais do sexo migrem para as cidades sede e junto a isso, os cafetões “recrutem” mais jovens para atender à demanda dos turistas que procuram por esse tipo de turismo.

O turismo sexual ocorre em todo o Brasil, mas Fortaleza -um dos principais destinos turísticos do Nordeste-, com praias de areia branca e cerca de 300 dias de sol- é o centro principal da indústria.

A cultura do machismo, combinado com a pobreza extrema e o uso de drogas, tem criado o ambiente perfeito para a exploração sexual, Uma trabalhadora da Cedeca em Fortaleza afirma: "As mulheres no Nordeste têm sido tradicionalmente tratadas como cidadãos de segunda classe, como objetos, mesmo. Muitos pais veem suas filhas como fonte de renda e que é uma atitude cultural que é difícil de mudar".

Muitas das jovens trabalhadores do sexo de Fortaleza vêm a prostituição como uma forma de escapar das suas circunstâncias. Jessica, 16 anos de idade, uma morena alta, confessa que tem passado por muitos apuros. Ela começou o trabalho sexual com clientes locais, ganhando cerca de $18 (R$ 40) a noite. Depois passou a trabalhar em boates maiores com grupos de turistas estrangeiros para ganhar $90 (R$ 200) por noite. Um dia, a polícia a prendeu em um ataque a um clube na praia de Iracema, um bairro repleto de animados restaurantes, hotéis e bares. Levaram-na para um dos quatro abrigos para menores de idade envolvidos na exploração sexual, uma casa de dois andares em um bairro de classe baixa, acessível apenas através de um portão de ferro estreito, custodiado o tempo todo por seguranças. Ela está à espera do juiz decidir se ela pode voltar para casa de sua mãe. Jessica conta que um turista espanhol prometeu leva-la para a Europa. Comprou uma identidade falsa (R$ 500,00) e estava esperando arrumar mais dinheiro para conseguir um passaporte mas sentiu medo e desistiu.

O rosto do turismo sexual em Fortaleza está mudando, tornando-se mais difícil capturar os criminosos. Em vez de trabalhar nas ruas, grupos organizados de cafetões, gerentes de hotéis e taxistas recrutam jovens. Clientes estrangeiros encomendam as “prostitutas” menores de idade antes de chegar em Fortaleza e elas são entregues diretamente nos seus hotéis.

Entre 2011 e 2012, foram registradas 10.892 denúncias relacionadas à violação de vulnerável somente no Ceará por meio do Disque 100. O número representa um crescimento de 73,79% fazendo com que o estado fique em 7º na taxa de crescimentos entre as demais Unidades da Federação.



     Como uma das 12 cidades sedes, o desenvolvimento da campanha de enfrentamento a violência sexual contra crianças e adolescentes “Não desvie o Olhar” em Brasília ganhou reforço. A campanha será deflagrada nos aeroportos, rodoviárias, terminais de ônibus e nas fan-fest, lugar de maior concentração de público durante os jogos. “Não desvie o Olhar” tem promoção da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a parceria das cidades sedes.

3 comentários:

  1. Olá!
    O parágrafo:

    "Se esperam 600.000 turistas no Brasil durante a copa do mundo. As estimativas são que deixem R$ 25.000,00 milhões nas suas viagens pelos pais. O governo tem gasto R$ 33.000,00 milhões em estádios e infraestruturas, mas apenas tem destinado R$ 8 milhões para todas as cidades anfitrioas desenvolver projetos para lutar contra o abuso e a exploração infantil. "

    Está correto, contudo, para deixar mais claro ao leitor, talvez seja melhor colocar as cifras assim: "R$ 25 bilhões"; "R$ 33 bilhões"; "R$ 8 milhões", respectivamente.

    No mais, é uma constatação triste: não bastasse a previsão de se arrecadar menos do que se gastou para realizar o evento, ainda por cima não há um interesse genuíno em se combater a exploração sexual infantil.

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  2. Meu caro amigo, obrigado pela dica e por partilhar nosso objetivo de um mundo mais justo e sem violência.

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