O jornal inglês The
Guardian é um dos principais impressos do Reino Unido e um dos de maior prestigio na
Europa. Na edição da segunda-feira (09/12/2013) apontava Fortaleza como a “capital da exploração sexual infantil” no Brasil
e destacava a vinda da Copa do Mundo de 2014 como cenário favorável para a
promoção da indústria ilegal do sexo.
Como se não tivéssemos já bastantes problemas em Fortaleza! Como se o problema da violência contra vulneráveis não fosse já de proporções escandalosas quando são os próprios brasileiros a cometer estes delitos! Ainda temos que suportar a cara mais sombria do futebol! Embora o turismo sexual internacional é destaque em Fortaleza, este representa apenas um terço de todos os casos de prostituição infantil relatados. Prostitutas com clientes brasileiros, do Ceará ou estados vizinhos, são muito mais comuns, dizem os promotores públicos.
Se esperam 600.000 turistas no Brasil durante a copa do mundo. As estimativas são que deixem R$ 25 bilhões nas suas viagens pelos pais. O governo tem gasto R$ 33 bilhões em estádios e infraestruturas, mas apenas tem destinado R$ 8 milhões para todas as cidades anfitrioas desenvolver projetos para lutar contra o abuso e a exploração infantil. Obviamente os numeros gritam mais alto e políticas de defesa da infância e da adolescência não são prioritárias no país!
A Lei brasileira (Lei 12.015, artigo 217-A) dispõe sobre o “estupro de vulnerável”, no qual, para quem tiver relações sexuais com menores de 14 anos, a penalidade é de 8 a 15 anos de reclusão. Nem sempre turistas e nacionais estão suficientemente avisados das consequências que o abuso de menores pode trazer.
Segundo o Fórum Nacional de Prevenção ao Trabalho
Infantil (ONG) cerca de 500.000 crianças
e adolescentes estavam envolvidas com prostituição em 2012, o que representa
um aumento de cinco vezes desde 2001 quando as estimativas da Unicef apontavam
que 100 mil crianças trabalhavam no comércio do sexo.
Um dos pontos turísticos do sexo indicados na
matéria do The Guardian, é a Avenida Juscelino Kubitschek, no
Bairro Castelão, que dá acesso à Arena Castelão, estádio que vai
receber pelo menos seis jogos, incluindo as seleções do Brasil, México, Grécia, Costa do Marfim,
Alemanha, Ghana, Costa Rica, e Uruguai. Com a chegada da Copa do Mundo de 2014, a preocupação é ainda maior,
pois este trecho será um dos mais movimentados da cidade. Teme-se ainda,
segundo o jornal, que profissionais do sexo migrem para as cidades sede e junto
a isso, os cafetões “recrutem” mais jovens
para atender à demanda dos turistas que procuram por esse tipo de turismo.
O turismo sexual ocorre em todo o Brasil, mas
Fortaleza -um dos principais destinos turísticos do Nordeste-, com praias de
areia branca e cerca de 300 dias de sol- é o centro principal da indústria.
A cultura do
machismo, combinado com a pobreza
extrema e o uso de drogas, tem
criado o ambiente perfeito para a exploração sexual, Uma trabalhadora da Cedeca
em Fortaleza afirma: "As mulheres no Nordeste têm sido tradicionalmente
tratadas como cidadãos de segunda classe, como objetos, mesmo. Muitos pais veem
suas filhas como fonte de renda e que é uma atitude cultural que é difícil de
mudar".
Muitas das jovens trabalhadores do sexo de
Fortaleza vêm a prostituição como uma
forma de escapar das suas circunstâncias. Jessica, 16 anos de idade, uma
morena alta, confessa que tem passado por muitos apuros. Ela começou o trabalho
sexual com clientes locais, ganhando cerca de $18 (R$ 40) a noite. Depois passou
a trabalhar em boates maiores com grupos de turistas estrangeiros para ganhar $90
(R$ 200) por noite. Um dia, a polícia a prendeu em um ataque a um clube na
praia de Iracema, um bairro repleto de animados restaurantes, hotéis e bares. Levaram-na
para um dos quatro abrigos para menores de
idade envolvidos na exploração sexual,
uma casa de dois andares em um bairro de classe baixa, acessível apenas através
de um portão de ferro estreito, custodiado o tempo todo por seguranças. Ela
está à espera do juiz decidir se ela pode voltar para casa de sua mãe. Jessica
conta que um turista espanhol prometeu leva-la para a Europa. Comprou uma
identidade falsa (R$ 500,00) e estava esperando arrumar mais dinheiro para
conseguir um passaporte mas sentiu medo e desistiu.
O rosto do turismo sexual em Fortaleza está mudando,
tornando-se mais difícil capturar os criminosos.
Em vez de trabalhar nas ruas, grupos organizados de cafetões, gerentes de
hotéis e taxistas recrutam jovens. Clientes estrangeiros encomendam as “prostitutas”
menores de idade antes de chegar em Fortaleza e elas são entregues diretamente nos seus hotéis.
Entre 2011 e 2012, foram registradas 10.892
denúncias relacionadas à violação de vulnerável somente no Ceará por
meio do Disque 100. O número representa um crescimento de 73,79% fazendo
com que o estado fique em 7º na taxa de crescimentos entre as demais Unidades
da Federação.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirO parágrafo:
"Se esperam 600.000 turistas no Brasil durante a copa do mundo. As estimativas são que deixem R$ 25.000,00 milhões nas suas viagens pelos pais. O governo tem gasto R$ 33.000,00 milhões em estádios e infraestruturas, mas apenas tem destinado R$ 8 milhões para todas as cidades anfitrioas desenvolver projetos para lutar contra o abuso e a exploração infantil. "
Está correto, contudo, para deixar mais claro ao leitor, talvez seja melhor colocar as cifras assim: "R$ 25 bilhões"; "R$ 33 bilhões"; "R$ 8 milhões", respectivamente.
No mais, é uma constatação triste: não bastasse a previsão de se arrecadar menos do que se gastou para realizar o evento, ainda por cima não há um interesse genuíno em se combater a exploração sexual infantil.
Meu caro amigo, obrigado pela dica e por partilhar nosso objetivo de um mundo mais justo e sem violência.
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