Exploração sub-17 ronda estádio Castelão na Copa das Confederações em Fortaleza
As campanhas oficiais contra a exploração infantil têm dois rivais fortes em Fortaleza (Ceará) durante a Copa das Confederações. No entorno do estádio Castelão, é a clientela brasileira que assedia adolescentes na vizinha avenida Juscelino Kubitschek. Na orla da cidade, é o lugar onde o adversário são os italianos, principais consumidores desse lado perverso do turismo no Brasil.


Em uma parada de ônibus a 100 metros do Castelão, uma adolescente fazia ponto durante a tarde. "Meus pais não sabem disso. Tenho que voltar cedo para casa para não desconfiarem de mim", relata a garota sobre a atividade vespertina dela e de dezenas outras dentro da chamada "área Fifa", o raio de dois quilômetros ao redor do estádio que a entidade máxima do futebol mundial estabelece em dia de jogos.

"Nós vamos receber a Copa, e é fundamental uma blitz educativa, unindo forças, desde o Ministério Público até a Prefeitura", afirma a ex-vereadora Eliana Gomes (PC do B), que participou de CPI municipal sobre o assunto e ainda esteve diante da comissão de direitos humanos da Câmara.
O conselho tutelar local faz mais de 1.500 atendimentos por ano, tentando resgatar meninas e meninos da prostituição. Uma boa parte, sem ajuda da família e órgãos públicos, acaba voltando às ruas. Várias campanhas tentam incentivar denúncias, incluindo até um aplicativo de celular que ajuda a localizar os pontos de exploração infantil.
Mesmo com essa tecnologia, a mistura de turismo de massa e população miserável acaba fomentando essa liquidação de crianças e jovens. Na praia de Iracema, orla da cidade, muitas prostitutas já nem falam o português direito de tanto convívio com os italianos. Elas falam um "portuliano".
Os bares e boates do local barram as menores de idade, mas elas ficam rondando pela calçada e porta dos estabelecimentos. Os grupos de italianos bronzeados de meia-idade são os alvos dessas meninas.
As rondas e as campanhas reduziram o número de adolescentes exploradas nas ruas de Fortaleza durante a Copa das Confederações. Mas muitas delas ainda estão por lá. Resta saber se na Copa do Mundo do ano que vem esse crime contra a infância continuará à sombra do Castelão para ser relatado por todos os meios internacionais de comunicação que visitarem Fortaleza.